Quem matou Janjão, o anão do circo cigano? Qual o motivo do crime? Houve, realmente, um crime?

O Assassinato do Anão do Caralho Grande é um texto de Plínio Marcos dirigido por Marcelo Drummond que destila humor, sarcasmo e “verdades” politicamente incorretas para contar a história em torno da perseguição a um grupo de artistas mambembes, acusados de um inusitado assassinato. A mulher do prefeito comanda a invasão ao Gran Circus Atlas, administrado por um grupo de ciganos que são acusados de alimentar o leão Platão com gatos e cachorros, e do assassinato do anão Janjão, cujo maior “talento” era ter um pênis de tamanho exagerado.

AGENDA 2013

Data: De 06 a 15 de setembro de 2013
Local: Caixa Cultural Brasília – SBS Quadra 04, Lote ¾, ed Anexo da Matriz (Tel : 61. 3206 6456 – bilheteria)
Horário: Sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 19h
Ingresso: Ingressos: R$ 20,00 (valor da inteira). Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, funcionários e clientes CAIXA e doadores de alimentos, roupas, brinquedos etc.
Duração do espetáculo: 1h20
Classificação etária: 14 anos

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

ENTREVISTA COM MARCELO DRUMMOND SOBRE O ASSASSINATO DO ANÃO



A peça O Assassinato do Anão do Caralho Grande é a sexta montagem que o ator e diretor Marcelo Drummond assina sozinho. O texto de Plínio Marcos conta a história em torno da perseguição a um grupo de artistas mambembes, acusados de um inusitado assassinato. Nessa entrevista, Marcelo fala sobre sua relação com Plínio Marcos e sobre a experiência de dirigir mais um espetáculo.

Você conhecia o Plínio Marcos?
MD – Conheci o Plínio Marcos, o vi várias vezes, mas nunca fomos amigos de fato, apesar de o ter encontrado no Gigeto várias vezes, onde ele, segundo dizem, tinha uma permuta permanente e onde comia quase todas as noites. Nunca conversamos. Ele sempre conversava um pouco com o Zé Celso. Eu o via de sandália, bermuda, com jeito bem desbundado. Não esqueço, em 99, no dia que fazia 30 anos da morte da Cacilda: Plínio foi ao Teatro Oficina fazer um depoimento sobre Cacilda e foi ali que nos olhamos nos olhos pela primeira vez, nos falamos. Acho que foi a única vez que de fato nos falamos e vi que ali ele me olhou como uma pessoa de teatro. Senti ali que ele estava me reconhecendo como uma pessoa de teatro. Alguns meses depois Plínio morreu; me lembro muito bem na cerimônia no Teatro Sérgio Cardoso, do Léo Lama, a quem pouco encontrei, mas tenho carinho, me puxando e me dando um abraço que ele precisava, a dor maior era dele.

Como você define seu estilo como diretor?
MD – Quando me aventurei a dirigir nas primeiras vezes, descobri que não queria uma grande produção; queria tirar essa carga das costas e, com o Pascoal da Conceição, ainda nos anos 90, me aventurei a dirigir um ator. Que ator! Não tinha luz… Era qualquer coisa, o ator em cima de uma mesinha, ou cadeira, fazendo a sua palestra dos Malefícios do Tabaco. Teatro sempre começa com os atores e quero deixar desse jeito. Mesmo que nada de cenotecnologia funcione, os atores fazem acontecer! Mas, nas peças de Zé Vicente (O Assalto e Santidade), já busquei a cena com toda a luz e música, mesmo na menor dimensão, mas sempre com o ator à frente.

E como você escolhe um texto?
MD – Por ter dirigido atores do grupo em trabalhos isolados, ou em solos, entendi que dentro de um grupo grande (no caso do Oficina, enorme!), pra que a mesma prática de teatro perdure, é preciso que tenham outros trabalhos, menores. Mas nunca escolhi uma peça pra eu dirigir, um projeto que eu quisesse realizar. Sempre a situação se apresenta e, no caso de O Assassinato do Anão do Caralho Grande, não foi diferente.

Como surgiu a ideia de montar o Assassinato do Anão?
MD – O Oficina tem muitos grupos diferentes, pessoas que ficam próximas e criam um “grupo”. Saem juntas, compartilham mais ou menos das mesmas idéias, gostam das mesmas coisas, saem pra mesmas baladas etc. Eu, é claro, faço parte do Oficina como um todo. Às vezes misturo esses grupos ou acabo sendo catalisador para a formação de determinados grupos. Nesse foi assim. Vários atores com quem trabalho ou trabalhei disseram várias vezes que queriam que eu dirigisse uma peça com eles. Quando me dei conta, esses mesmos atores se tornaram amigos e me apresentaram outros amigos.

Foto: Gisela Schlögel


Mas a ideia de dirigir um texto do Plínio foi sua?
MD – Não. Foi da Rafaela Wrigg, uma carioca que acompanha o Oficina desde os anos 90 e que veio pra São Paulo pra se dedicar ao teatro, e do Fioravante Almeida, que trabalhou quase dez anos no Oficina como sonoplasta e ator. O Fioravante me inspirou a montar alguma coisa de Plínio. Sempre achei que ele tinha cara de personagem de Plínio. Ele me apresentou esta peça. Eu conhecia de nome, mas não vi a montagem que teve nos anos 90 e que fez muito sucesso. Lembro que essa peça fez parte do concurso de dramaturgia em que Cacilda! recebeu o primeiro prêmio e o Assassinato do Anão o segundo. Não esqueço também da notinha maldosa de uma coluna social dizendo que a Secretaria estava premiando um cara que não realizaria nada (o Zé Celso) e uma peça que, pelo nome, não podia ser coisa boa mesmo (se referindo ao Assassinato do Anão do Caralho Grande). Cacilda! já foi realizada com grande sucesso e até a colunista que falou que Zé Celso não realizaria nunca mais nada foi ver e gostou! E agora é com grande orgulho que apresentamos O Assassinato do Anão do Caralho Grande. Acho que a colunista não vai querer ver…

Quem mais está no elenco, além da Rafaela e do Fioravante?
MD – Tem o Adão Filho, que vi em cena pela primeira vez numa peça do Boi Voador e com quem trabalhei muitos anos no Oficina, em várias montagens; Adriana Viegas, que fazia parte do elenco dos Sertões, Bandidos e Cacilda!!; Rodrigo Fidelis, que entrou pro Oficina nas Dionisíacas em Viagem e se tornou um grande inspirador pra essa montagem, de cara se dando bem com o autor e com a personagem; Glauber Amaral, Carol Henriques e Pedro Uchoa, que vieram pra integrar a primeira turma da Universidade Antropófaga e fazem parte do elenco de Macumba Antropófaga; nas leituras apareceu o João Roncatto, que eu não conhecia, mas que foi e é o mais animado pela atuação do coro; e ainda vieram o Tony Reis, com sotaque baiano, e Camila Rios, pernambucana chegando em São Paulo, que estão em suas primeiras produções paulistas. Gosto de ver e ouvir um elenco com tantos sotaques diferentes!

Como está sendo a experiência?
MD – Penso na minha felicidade de colocar uma peça em cartaz na praça Roosevelt, ao lado dos meus amigos do Parlapatões e dos Satyros, junto com uma parte da equipe do Oficina de direção de arte (Carila Matzenbacher e Pedro Felizes), do figurino Sonia Ushyiama e Amanda Mirage, da luz de Ricardo Morañez. Tem ainda Valério Peguini na maquiagem, Dora Smék, que veio concentrar os corpos, o ator e fotografo Acauã Sol, o meu parceiro Zé Pi, que veio dar música, e Luciana Nardelli, que administra tudo isso.

Foto Gisela Schlögel

O que você pode dizer sobre a peça?
MD – O engraçado é que pensei encontrar um Plínio violento, mas encontrei uma peça solar, leve, engraçada e crítica com esse tipo de pensamento daquela colunista… Na verdade esse pensamento não reside só na colunista, mas em muitos de nós! O que da peça se apresenta pra mim é muito diferente do que eu imaginava na primeira leitura. Com o trabalho me chegou a experiência mais próxima da peça Taniko, que montamos no Oficina em 97. É uma atuação coral falada, deixando aquele clichê de que "Plinio tem que ser escroto”… Acho que seu texto pode ser leve, mesmo tocando nas feridas do preconceito, no caso contra o circo, que é enorme.

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Foto Claire Jean